Velocidade das mudanças: você tem medo ou vê oportunidade?

Tecnologia e inovação

Velocidade das mudanças: você tem medo ou vê oportunidade?

31 de julho de 2017

Se você não quer se sentir desconfortável e incomodado, recomendo que não leia este texto. Agora, se você está disposto a refletir sobre como as disrupturas de mercado vão impactar as nossas vidas ainda mais do que já acontece nos dias atuais, e quer se permitir pensar de forma ilimitada, pode preparar um café, um chá ou escolher uma taça de vinho e vem comigo

Este não é um texto sobre marketing digital. É uma reflexão sobre o que o ser humano tem feito – de bom – com as evolução veloz da tecnologia. Afinal, será que temos limite quando unimos o pensamento e inteligência humana com a velocidade das mudanças e com a tecnologia? Como os negócios e o marketing (aí sim) digital podem tirar proveito de um cenário em que trilhões de terabytes de dados estão disponíveis na rede e tecnologias são adotadas em um passo cada vez mais acelerado?

A velocidade das mudanças e da adoção de tecnologias

O intervalo entre a velocidade das mudanças está cada vez menor, isso é perceptível no nosso dia a dia. Para elucidar isso, convido você a voltar no tempo 20 anos. Mentalize e depois visualize onde você estava há 20 anos: o contexto social e econômico, o cenário e como as atividades do cotidiano eram realizadas. Pense em como você fazia uma viagem ou em como você tomava um táxi. Pense também em como você assistia os filmes.

Para ter uma noção da velocidade das mudanças, tente responder: há 20 anos você conseguia imaginar como você faria estas atividades no futuro? E hoje? Hoje, você consegue visualizar que daqui a apenas poucos anos, o jeito de você consumir energia elétrica ou de se locomover de um canto ao outro da cidade vai ter mudado? Os intervalos das mudanças estão diminuindo e  ao olharmos para o futuro, podemos  ser pegos desprevenidos.

Veja que interessante estes dados sobre quanto tempo cada dispositivo listado abaixo levou para alcançar 50M de usuários:

  • Telefone: 75 anos
  • Rádio: 38 anos
  • PC: 16 anos
  • TV: 14 anos
  • Cloud Computing : 4 anos
  • Facebook : 3,5 anos
  • Fonte: IBM

Percebem como a adoção das novas formas de se comunicar e de tecnologias está cada vez mais rápida ?

Para ratificar esta velocidade, faço aqui referência a um estudo. Você conhece ou já ouviu falar dos mindsteps de Hawkins? Em 1983, o astrônomo Gerald S. Hawkins publicou o livro Mindsteps to the Cosmos. Nele, Hawkins fala  da sua noção de mindsteps, mudanças dramáticas e irreversíveis nos paradigmas ou visões de mundo. Ele identificou 5 mindsteps na história humana e a cada um deles relacionou a tecnologia: a invenção do imaginário, escrita, matemática, impressão, telescópio, foguetes, computador, rádio, televisão. E ele observou:

“O período de espera entre os mindsteps está ficando mais curto. Não se pode deixar de notar a aceleração”. Hawkins quantificou e deu datas para os futuros mindsteps : o próximo data de 2021, e teremos dois mais curtos, sucessivos, até 2053.

Devidamente incomodado? Vamos então potencializar esta sensação, com exemplos reais e atuais de velocidade de mudança no nosso cotidiano. Recentemente, o empreendedor e visionário Elon Musk deu uma entrevista durante o evento TED 2017, onde falou sobre o futuro que estamos construindo. O futuro que Elon Musk está construindo passa por construir túneis por Los Angeles para aliviar o congestionamento. A motivação para isso está na fala de Musk:  “Neste momento, uma das coisas mais frustrantes é o tráfego! Afeta as pessoas no mundo inteiro. Isso nos tira muitas horas de vida, é horrível”.

Você consegue se imaginar se locomovendo por sua cidade por meio de uma rede de túneis tridimensionais integrado com as avenidas? Além disso, Musk almeja construir uma cidade em Marte para dar início a uma vida interplanetária: “Eu acho que é importante ter um futuro inspirador e atraente. E acho que deve haver motivos para nos levantarmos de manhã e queremos viver. E se não estivermos lá fora, se o futuro não incluir estarmos lá fora entre as estrelas, e sermos uma espécie multi-planetária, eu acho isso extremamente deprimente, se este não for o futuro que vamos ter.” 

Afinal, que entediante será se ficarmos só entre os terráqueos, e desconsideramos a diversidade e os aprendizados que podemos obter com a vida interplanetária, não é mesmo? Confira aqui o vídeo contendo a entrevista completa de Elon Musk, no TED2017.

Os negócios e marketing digital no contexto da velocidade: a ciência dos dados em seu favor

Agora que já estamos com a mente aberta e devidamente desconfortáveis com a velocidade das mudanças, vamos pensar sobre como o marketing digital pode evoluir no mesmo compasso? Boa notícia : temos dados, zilhões, quadrilhões de terabytes de dados! Desafio: como tirar o melhor proveito deles e no tempo certo?

De acordo com dados publicados pela Cisco, em 2020 serão 50 bilhões de dispositivos conectados na rede. São informações chegando de vídeos, imagens, textos, redes sociais e de dispositivos que podem ir de brinquedos a smartphones.

O gráfico abaixo, mostra um resumo dos dados e eventos que acontecem a cada minuto na internet. 

                                                                                                                         Fonte: Navita

De tudo isso, como o marketing pode tirar proveito, não só para evoluir  os negócios, mas para fazer o consumidor mais feliz ?

O desafio está em entender e interpretar estes dados, no tempo certo, e em cima disso desenvolver e entregar serviços e soluções que cativem o consumidor.

Um caso real de quem aproveita bem os dados para criar soluções que agradam o público é a série Stranger Things, da Netflix. De acordo com um post de Gustavo Miller, digital creative, em seu perfil no Linkedin, a série pode ser sido “a maior obra de arte do algoritmo da Netflix”. Segundo ele, o algoritmo da plataforma já ajudou a ressuscitar seriados como Arrested Development e Full House, além de estreitar a parceria com a Marvel com produções como Demolidor e Jéssica Jones. “Em 2013, 75% dos assinantes escolhiam o que assistir por base das recomendações da empresa. Conhecendo um pouco como a Netflix analisa todos os nossos hábitos ali, tem muito big data por trás de Stranger Things”, escreveu Miller. Você pode ler mais sobre a origem da série aqui.

Também neste contexto, aparece a ciência dos dados. Além de entender e saber como fazer a coleta de todos estes dados de forma eficaz, é preciso descobrir como transformar os dados em ações de valor agregado para o dia-a-dia das pessoas e das empresas. De acordo com o Gartner, mais de 40% das tarefas da ciência de dados serão automatizadas até 2020, resultado de um aumento de produtividade e uso mais profundo de ferramentas de análises por citizen data scientists, a pessoa que cria ou gera modelos com uso da inteligência analítica de forma avançada, gerando um diagnóstico ou análises de capacidade preditivas.

Os citizen data scientists são capazes de realizar análises sofisticadas que anteriormente demandariam mais conhecimento. Você pode aplicar a ciência dos dados a favor do marketing, criando análises de informações inteligentes e aprofundadas, fundamentadas em maior variedade de fontes de dados não estruturados (imagens, vídeos, textos), que permitam entender melhor o consumidor.

Se sua empresa não dispões de cientistas de dados dedicados, mas possui analistas de informações, você já pode dar um passo neste sentido. “Os analistas de informações, equipados com ferramentas apropriadas, podem realizar análises diagnósticas complexas e criar modelos que alavanquem o analytics preditivo ou prescritivo. Isso permite a eles ir além do alcance da análise de dados comum de negócios para processos com maior profundidade e amplitude”, diz  o diretor de pesquisas do Gartner, João Tapadinhas, em reportagem publicada na revista Decision Report.

E para extrair um pouco mais dos dados: análise cognitiva!

A análise cognitiva é também uma tendência que pode ajudar as empresas a aproveitarem todo esta montanha de dados – que só cresce! A computação cognitiva é um termo para designar uma nova era de computadores, que se apóia em inteligência artificial e aprendizagem de máquinas. Nesta era os sistemas interagem com os seres humanos por meio de três elementos: compreensão da linguagem natural, capacidade de aprendizagem e de identificação de padrões. Assim, as máquinas chegam muito próximas do raciocínio humano. Por estas características, a cognição se diferencia do analytics (data mining e business inteligence), que usa modelos preditivos para extrair conhecimento de grande massa de dados.

Na área da saúde já temos um caso de aplicação de computação cognitiva, que tem como objetivo auxiliar os médicos a identificar medicamentos e ensaios clínicos relevantes com base em alterações genômicas de um indivíduo e dados extraídos da literatura médica. O projeto é uma parceira do Laboratório Fleury e IBM, e ainda está em testes. Neste primeiro momento, a proposta é aplicar a solução para exames em pacientes com câncer.

A solução Watson for Genomics conta com pesquisas, estudos clínicos e artigos científicos para cruzar com as informações dos pacientes e ajudar os médicos a chegaram em medicamentos personalizados, tornando o tratamento mais preciso. O sistema fornece aos oncologistas um conhecimento combinado das instituições de câncer mais importantes do mundo. 

Ainda não chegamos nos carros voadores que eram apresentados no desenho dos Jetsons na década de 80, mas creio que estamos próximos disso. Espero estar viva para desfrutar de um voo em um carro parecido com o da família Jetson pelos céus do planeta Terra… ou seria pelos céus de Marte? Aliás, você já reservou sua passagem?

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