Qual metade do copo você vê quando a carreira que imaginou já não está mais alinhada aos seus desejos?
Assim como muitos que têm a minha idade hoje e pertencem a geração X, eu também acreditava que ficaria a minha vida inteira em uma empresa só. Isso era ter sucesso. Mas ao longo destes mais de 15 anos, os meus desejos e a minha carreira se desalinharam.
Não era mais uma questão de mudar de empresa, e sim algo comigo mesma. Queria equilibrar os pilares da minha vida e encontrar, de novo, a melhor versão de mim mesma. Foi quando olhei para minha história e para a minha essência. Lembrei do sonho que tinha quando adolescente de ser jornalista, especificamente correspondente de guerra.
O que pesou quando saí da startup foi pensar que ficaria por um tempo num vazio.
Tanto em termos de trabalho, como de renda. E isso nunca tinha acontecido antes na minha vida — trabalhava direto desde os 17.
Não sabia o que faria. Ao todo, foi um período de 10 meses sem trabalhar, em teoria. Mas passei esse tempo lendo livros sobre gestão, produzindo textos sobre tecnologia, estudando redação, marketing de conteúdo e digital, e, claro, refletindo sobre os próximos passos. A única certeza que eu tinha era que eu me sentia muito feliz e realizada escrevendo.
Aos poucos entendi como poderia unir toda a experiência acumulada em tecnologia, o sonho de adolescente de ser jornalista e as demandas latentes do mercado. Conversei bastante com meu marido Gilsinei Hansen sobre insights de possíveis negócios neste contexto. E pude contar com a mentoria de Augusto Pinto, que me apresentou um cenário muito promissor de marketing digital e me introduziu ao conceito do inbound marketing, que na época estava chegando ao Brasil.
Inicialmente coloquei a mão na massa fazendo freelas como redatora, escrevendo sobre tecnologia. O volume aumentou e precisei de ajuda para resolver o melhor problema que um empreendedor pode ter: aumento de demanda. A Softplan gostou do meu trabalho e quis fazer um contrato mais amplo. Foi nesse momento que Motor Tech Content teve seu contrato social firmado.
Eu poderia ter visto o momento em que a semente da Motor estava germinando como uma fase de vazio existencial, de incertezas. Decidi tornar a espera produtiva e viver o hiato profissional como um momento estimulante.
O próximo passo da caminhada foi ainda mais gratificante, pois eu já não estava mais sozinha. Vou explicar no artigo da semana que vem porque fazemos melhor quando fazemos juntos.
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